Capoeira nas escolas de Itabuna é proposta em luta antirracista

Publicado em:

A discussão sobre como aplicar a Lei Moa do Katendê nas escolas da rede municipal de Itabuna é um dos frutos de debate neste mês da Consciência Negra. Levantado durante sessão solene tendo Educação Antirracista como tônica, o propósito é oferecer aulas de capoeira nas unidades.

O evento, solicitado pela vereadora Wilma de Oliveira (PCdoB), deu voz a professoras e demais ativistas por um futuro com direitos e espaços iguais para todas as pessoas, independentemente da cor da pele.

“Já avançamos, porque o racismo é crime. Mas vamos levar um tempo para eliminar as mazelas dessa chaga. Esse debate não é responsabilidade só dos negros e negras; é responsabilidade de todos nós. Nossa sociedade foi construída com o sangue do povo preto; não podemos nos colocar apartados desse debate. Somos todos parte da solução”, grifou Wilma.

O Núcleo de Capoeira, projeto voluntário que deu boas-vindas aos presentes, ilustra os resultados positivos da prática junto a estudantes. Afinal, o universo da capoeiragem alia disciplina, esporte, saúde, educação, tradição e, sobretudo, respeito. Além de reforçar a identidade negra, presente na maioria da nossa população.

 

Recontando a história

A educadora Maria Domingas de Jesus, integrante do MNU (Movimento Negro Unificado) e professora desde os 18 anos, traz à tona as dificuldades para aplicação da Lei 10.639 nas unidades da rede municipal.

“Após 20 anos, a gente continua lutando; o direito de aprender sobre a cultura africana, a história da África e a história dos afro-brasileiros ainda é um desafio nas nossas escolas. Essa lei nos dá o direito de aprender nossa história a partir de outra perspectiva. Porque era ensinado que a participação negra só se dá no processo de escravidão. Não se trabalha as lutas e resistências que ocorreram naquele processo”, argumenta.

Coordenadora do Fórum Municipal de Educação, a professora Lúcia Ramos é uma entusiasta para que a Lei 10.639/03 chegue, de fato, ao chão da escola. “Se a gente for fazer uma pesquisa, vai ver que a lei não foi implementada de fato. Eu diria que nem num quantitativo mínimo de escolas, no país como um todo. Esse é o grande desafio: fazer chegar na ponta; lei sozinha não muda nada”, assinala.

A secretária Adriana Tumissa mencionou o processo de construção em favor de uma Educação Antirracista nas escolas. Ciente da importância dos alunos como agentes multiplicadores para uma sociedade contrária não racista, ela mencionou desafios e vitórias.

“A escola precisa ser antirracista, o currículo precisa ser antirracista, precisamos combater as mazelas que estão aí. Não pode ser atribuição de uma disciplina apenas. Muito embora as disciplinas de Humanas discutam mais isso, todos devem se apropriar, disseminar e tornar uma escola antirracista. Para que esse tema esteja no cotidiano, e não apenas pontual” elabora.

Últimas Notícias
Skip to content